terça-feira, 4 de maio de 2010

Relação entre halitose fisiológica e bactérias periodontopáticas da língua e do sulco gengival

Pesquisadores japoneses publicaram, recentemente, na Odontology, um estudo em que procuraram determinar a influência do status oral em relação à halitose, a relação existente entre halitose e bactérias periodontopáticas presentes na placa da língua e no sulco gengival, avaliadas em 62 pacientes adultos saudáveis, do ponto de vista periodontal.

Os indicadores de halitose utilizados foram: escore organoléptico; resultados de cromatografia gasosa [total de compostos sulfúricos voláteis (VSCx) = H2S + CH3SH + (CH3)2S]; valores de halimetria; e os resultados de três testes clínicos, o registro de controle de placas (RCP), o índice de placas (IP) e o status do recobrimento lingual.

Correlações significativas com os escores organolépticos foram observadas para RCP, IP, status do recobrimento lingual, quantidades de VSC e valores halimétricos, indicando que a halitose, em indivíduos periodontalmente saudáveis, tendem a se originar de depósitos de placas na língua. Análise da reação em cadeia de polimerase foi utilizada para detecção de seis bactérias periodontopáticas (Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Fusobacterium nucleatum, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermédia, Tannerella forsythensis e Treponema denticola) em placas na língua e subgengivais. Efeitos significativos dos escores organolépticos, situação do recobrimento lingual, quantidades de VSC total, H2S e CH3SH e os valores de halimetria foram observados apenas para T. denticola e F. nucleatum e apenas na placa lingual, não na placa subgengival.

Os pesquisadores concluíram que tratamentos desenvolvidos para inibir o crescimento de Treponema denticola e Fusobacterium nucleatum podem proporcionar tratamentos futuros para halitose.

Uma resenha de The relationship between physiologic halitosis and periodontopathic bacteria of the tongue and gingival sulcus - Odontology; 2010; 98(1):44 – 51

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Mais um mediador da dor articular na osteoartrite

Por Larissa Garcia Pinto

A osteoatrite é uma doença degenerativa das articulações que atinge em torno de 50% da população com mais de 65 anos de idade. Esta doença é caracterizada por degradação da cartilagem e osso, dor articular e rigidez. Um estudo recentemente publicado no periódico Pain demonstrou em um modelo de osteoartrite murina que os níveis de RNAm do NGF estavam aumentados nas articulações dos animais 3 dias e 16 semanas após a cirurgia. O NGF é um fator de crescimento, manutenção e sobrevivência de neurônios que exerce seus efeitos por atuar nos receptores TrKA e p75, os quais estão expressos em alguns tipos de neurônios nociceptivos. Neste estudo, os autores observaram que o tratamento dos animais com o receptor solúvel do NGF, o TrKAd5, foi capaz de inibir a dor nas fases pós-operatória e osteoartrite (16 semanas após a cirurgia). Além disso, foi demonstrado que o NGF possui mecanismos distintos na gênese da dor articular neste modelo, sendo que na fase aguda (pós-operatória) o aumento na expressão de NGF foi relacionado a uma maior liberação de TNF-α e presença de neutrófilos, o que não foi observado em uma fase mais tardia (osteoartrite). Assim, este trabalho mostra um importante papel do NGF como um mediador da dor osteoartrítica tanto em uma fase aguda como em uma fase crônica podendo ser um alvo farmacológico para o desenvolvimento de drogas analgésicas.



Referência

McNamee KE, Burleigh A, Gompels LL, Feldmann M, Allen SJ, Williams RO, Dawbarn D, Vincent TL, Inglis JJ. Treatmentof murine osteoarthritis withTrkAd5 reveals a pivotal rolefor nerve growth factor in non-inflammatory joint pain. Pain. 2010 Mar 27. [Epub ahead of print]

O que pensam os médicos sobre DTM?

Do Forum do Dr. Reynaldo Leite Martins Júnior:

http://rlmjdtm.ning.com/forum/topic/show?id=4913812:Topic:604&xgs=1&xg_source=msg_share_topic

Postado por Reynaldo em 28 abril 2010 às 21:40

Com certa freqüência recebo pacientes com queixa de dor orofacial indicados por médicos. Normalmente me é recomendado verificar a presença da “Síndrome de Costen” ou o exame da oclusão do paciente. Imaginei se tais pensamentos seriam comuns ou uma simples coincidência em relação aos colegas que me referenciam pacientes. Motivado por esta dúvida, junto com outros colegas (Juliana Stuginski Barbosa e Florence de Carvalho Kerber), submetemos médicos cefaliatras membros da Sociedade Brasileira de Cefaléias (SBCe) a um questionário para verificar para quem eles encaminham pacientes com suspeita de DTM, e o que eles esperam que o profissional faça.



Nas respostas, verificamos que:




A quase totalidade (98%) encaminha tais pacientes para um Cirurgião Dentista, o
que demonstra estar bem sedimentada nossa responsabilidade por tais casos;
Destes,perto de 1/3 encaminha para Ortodontista 1/3 para cirurgião buco-maxilo-facial e 1/3 para especialista em DTM e Dor Orofacial, o que demonstra um ainda grande desconhecimento em relação à especialidade Odontológica de DTM e Dor Orofacial;
A maioria espera (mais de 70%) espera que o Cirurgião Dentista execute algum tipo de correção da oclusão para o tratamento do paciente, o que demonstra que a relação entre DTM e Oclusão ainda permanece com um dogma que ultrapassou as fronteiras da Odontologia;



Ressalte-se que os membros da SBCe são profissionais diferenciados, que trabalham (obviamente) com cefaléias, e tem acesso a informações atualizadas sobre o tema, em função das discussões freqüentes estimuladas pelo Comitê de Dor Orofacial da Sociedade.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Impacto da radioterapia adjuvante sobre a sobrevida em carcinoma de células escamosas T1-2N1 da cavidade oral

Pesquisadores publicaram, recentemente, no Archives of Otolaryngology – Head and Neck Surgery, um estudo em que procuraram avaliar o impacto na sobrevida da radioterapia pós-operatória (RDT) em pacientes com carcinoma de células escamosas em estadiamento T precoce (T1–2) da cavidade oral (CCECO) e um único linfonodo positivo.

Entre 1983 e 2004, 1539 pacientes foram tratados cirurgicamente para CCECO T1–2N1. Foi utilizado o banco de dados de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais para deteminar se a RDT pós-operatória melhora a sobrevida em pacientes com CCECO T1–2N1.

RDT pós-operatória melhorou a taxa de sobrevida geral em cinco anos (41,4% para cirurgia isoladamente vs 54,2% para cirurgia associada à RDT [P < 0,001]). A melhora da sobrevida geral em pacientes com doença T1N1 não atingiu significância estatística com a adição de RDT, diferentemente ao que ocorreu em pacientes com doença T2N1. RDT adjuvante melhorou a sobrevida em pacientes com doença T2 em língua e em assoalho da boca (52,3% vs 37,9% [P = 0,002] e 39,9% vs 17,7% [P = 0,003], respectivamente).

Os pesquisadores concluíram que, em casos envolvendo carcinoma de células escamosas T1–2N1 de cavidade oral no banco de dados de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais, a utilização de radioterapia associa-se à sobrevida geral à sobrevida específica para causa significativamente melhores em pacientes com doença T2, principalmente acometendo língua e assoalho da boca.

Uma resenha de The impact of adjuvant radiotherapy on survival in T1-2N1 squamous cell carcinoma of the oral cavity - Archives of Otolaryngology – Head and Neck Surgery; 2010;136(3):225 – 228

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Dr. Aprigio Zangerolami

Visitem também:

http://www.atmdor.com/files_v02/index.html

Dúvida da leitora

"Oi Andre!

Me ajuda? Sei que uma caixa de comentários não é lugar para atendimento clinico, mas tenho uma duvida: Sofro (so-fro!) descontroladamente com o bruxismo. Nem sei te dizer o quanto minha qualidade de vida (ou de sono!) caiu nos ultimos anos! JA fui em varios consultorios, ouvi muitas coisas, usei 3 placas e posso dizer: sinto-me empurrada em cada atendimento.

Uma dentista me disse q usar aparelho e colocar a mordida no lugar iria ajudar um pouco, embora eu fosse ter o bruxismo comigo pra sempre. Dai na documentacao do ap, ela viu q minhas raizes sao curtas e indicou nao usar o mesmo.

Desse dia em diante minha vida piorou (a gente ganha na ignorancia, ne?), sinto que meu maxilar esta sempre pior, minha morida pior, minha percepção de dores maiores e muito incomodo. Fiquei mto chateada pq acabei tendo mtas expectativas no tratmento q nao foi feito.

Vc acha q eu poderia colocar o aparelho e fazer um tratamento mais lento pra organizar isso? Hj tenho 27 anos e juro, já não sei mais pra quem rezar.

aguardo resposta

Patricia Cardoso - São Paulo, SP"

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Responsabilidade civil do cirurgião-dentista: a importância do assistente técnico

Introdução: a responsabilidade do cirurgião-dentista pode ser entendida como obrigações de ordem penal, civil, ética e administrativa, às quais está sujeito no exercício de sua atividade. Assim, se comprovado um resultado lesivo ao paciente - por imprudência, imperícia ou negligência -, o cirurgião-dentista estará sujeito às penalidades previstas no Código Civil, sendo obrigado a satisfazer o dano e indenizar segundo a consequência provocada. Em processos cíveis, as partes poderão contratar um assistente técnico para fornecer, aos respectivos advogados, conhecimentos técnicos e científicos inerentes ao tema.

Objetivo: informar sobre a importância da atuação de assistentes técnicos em processos cíveis, propiciando às partes uma maior compreensão dos aspectos técnicos, éticos e legais.

Conclusão: há a necessidade de um maior conhecimento, por parte dos profissionais em Odontologia, sobre os aspectos éticos e legais que norteiam a profissão.


Palavras-chave: Responsabilidade civil; Odontologia; Perícia.

Responsabilidade civil do cirurgião-dentista: a importância do assistente técnico - Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial; [online]. 2009, vol.14, n.6, pp. 65-71


Bom, concordo plenamente com o estudo. Pouco sabemos sobre a parte jurídica da profissão.
André

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Prevalência de más oclusões em crianças com 12 a 36 meses de idade em João Pessoa, Paraíba

Objetivo: verificar a prevalência de más oclusões em crianças de 12 a 36 meses de idade, de creches públicas no município de João Pessoa / PB.

Métodos: a amostra constou de 292 crianças, sendo 161 meninos (55,1%) e 131 meninas (44,9%), selecionados aleatoriamente. As crianças foram examinadas nas dependências das instituições selecionadas, sob luz natural, e os dados foram registrados em um formulário pré-estruturado, sendo os exames feitos por um examinador calibrado (Kappa = 0,85), avaliando a presença de sobremordida, de sobressaliência, de mordida aberta anterior e de mordida cruzada posterior. Os dados foram analisados por meio do programa estatístico SPSS.

Resultados e Conclusões: a prevalência de má oclusão na amostra foi de 40,7%, com a mordida aberta anterior presente em 35,6% das crianças, a mordida cruzada posterior em 5,1%, e sobressaliência moderada e sobremordida moderada em 35,5% e 24,7%, respectivamente. Com o desenvolvimento da oclusão, a prevalência de mordida aberta anterior aumentou, demonstrando a magnitude desse problema na primeira infância.


Palavras-chave: Epidemiologia; Má oclusão; Lactente; Pré-escolar.

Prevalência de más oclusões em crianças com 12 a 36 meses de idade em João Pessoa, Paraíba - Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial; [online]. 2009, vol.14, n.6, pp. 50-57

Clorexidina alcoólica versus iodopovidona para antissepsia do sítio cirúrgico

Uma vez que a pele do paciente é a principal fonte de patógenos que causam infecção do sítio cirúrgico, a otimização da antissepsia pré-operatória da pele pode diminuir as infecções pós-operatórias. Pesquisadores americanos realizaram um estudo, recentemente publicado na revista New England Journal of Medicine, com a hipótese de que a limpeza pré-operatória da pele com clorexidina alcoólica protege mais contra infecção do que com iodopovidona.

Os adultos submetidos à cirurgia limpa-contaminada em seis hospitais foram randomicamente designados para a preparação pré-operatória da pele com clorexidina alcoólica ou iodopovidona e tinta. O resultado primário foi alguma infecção do sítio cirúrgico dentro de 30 dias após a cirurgia. Os resultados secundários incluíram os tipos de infecções do sítio cirúrgico.

Um total de 849 indivíduos (409 no grupo de clorexidina alcoólica e 440 no grupo de iodopovidona) foi qualificado para a análise por intenção de tratar. A taxa global de infecção do sítio cirúrgico foi significativamente menor no grupo de clorexidina alcoólica do que no grupo de iodopovidona (9,5% vs. 16,1%; p = 0,004; risco relativo: 0,59; intervalo de confiança de 95%: 0,41 a 0,85). A clorexidina alcoólica foi significativamente mais protetora do que a iodopovidona contra infecções incisionais superficiais (4,2% vs. 8,6%; p = 0,008) e infecções incisionais profundas (1% vs. 3%; p = 0,05), mas não contra infecção órgão/espaço (4,4% vs. 4,5%). Resultados semelhantes foram observados na análise por protocolo dos 813 pacientes que permaneceram no estudo durante os 30 dias do período de seguimento. Os eventos adversos foram semelhantes nos dois grupos de estudo.

Os autores concluíram que a limpeza pré-operatória da pele do paciente com clorexidina alcoólica é superior à limpeza com iodopovidona para a prevenção de infecção do sítio cirúrgico após cirurgia limpa-contaminada.


Uma resenha de Chlorhexidine–alcohol versus povidone–iodine for surgical-site antisepsis - New England Journal of Medicine; 2010; 363(1): 18-26

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Junção de exames ajuda tratar desordem temporomandibular

A associação de informações sobre os sintomas que caracterizam a desordem temporomandibular (DTM), percebidos pelos próprios pacientes, aos resultados dos exames clínicos e de eletromiografia, exame que registra a atividade dos músculos da mastigação, pode levar a uma análise mais detalhada e, ainda, maior compreensão dos casos de pacientes com DTM. Essa foi a conclusão do trabalho que reuniu pesquisadores da Faculdade de Medicina (FMRP) e da Universidade de Milão, Itália.

“A DTM é caracterizada por dores na face e de cabeça, dificuldade para movimentar a boca e para mastigar, entre outros sintomas, e necessita de tratamento. No processo de avaliação e diagnóstico fonoaudiológico dos pacientes com DTM é importante associar as informações sobre os sintomas percebidos por eles aos resultados dos exames clínico e eletromiográfico, para uma definição mais precisa de cada sintoma presente e das características dos músculos mastigatórios da pessoa como, por exemplo, a simetria de coordenação neuromuscular”, diz uma das autoras, Claudia Lúcia Pimenta Ferreira, doutoranda da FMRP. Segundo ela, uma melhor compreensão dos casos de pacientes com DTM contribui para o planejamento e acompanhamento do tratamento e da evolução dos casos de forma diferenciada, conforme o grau de severidade do problema.

Os resultados renderam o prêmio Excelência em Fonoaudiologia 2009” no 17º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia e no primeiro Congresso Ibero Americano de Fonoaudiologia, que aconteceu em outubro em Salvador (BA). A pesquisa “Comparação eletromiográfica de sujeitos controle e pacientes com DTM leve e severa” também teve a participação dos pesquisadores Claudia Maria de Felício, orientadora e professora do departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP; Fernanda Vincia Sidequersky, graduada em Fonoaudiologia pela FMRP, Gianluca Martino Tartaglia e Chiarella Sforza, da Universidade de Milão (Itália).

Agravamento da DTM

O objetivo do trabalho da doutoranda foi verificar se a eletromiografia de superfície permitiria detectar diferenças objetivas nos músculos mastigatórios entre sujeitos saudáveis, ou seja, sem DTM, e pacientes com DTM leve e severa. Os pacientes foram divididos em dois grupos, leve e severo. Por meio de um questionário de auto-avaliação dos sinais e sintomas da DTM eles indicaram, numa escala numérica, quanto cada sinal ou sintoma era severo, dentre eles ruídos nas articulações temporomandibulares (ATMs), dores na face, nas ATMs, dificuldade para mastigar, abrir e fechar a boca, em quatro situações distintas, ao acordar, ao mastigar, ao falar e em repouso. “Esse questionário, denominado ProDTMMulti permite definir a presença de um dado sinal/sintoma, bem como a sua severidade de acordo com a percepção dos pacientes.”

Segundo Cláudia, pessoas com dor nos músculos mastigatórios podem desenvolver estratégias musculares para manter a estabilidade do sistema e minimizar a dor e, o custo metabólico. “Juntamente com as características anatômicas e funcionais da pessoa, isso pode determinar a forma como ela passa a ativar a musculatura elevadora da mandíbula, o que muitas vezes ocorre de forma adaptada ou compensatória e quebra o equilíbrio do sistema com o passar do tempo, agravando ainda mais a dor e outros sintomas”, revela.

Já o exame de eletromiografia, realizado com o equipamento Freely De Götzen srl, Milão, Itália, permitiu a análise de alguns índices como simetria de coordenação neuromuscular, torção da mandíbula, distribuição antero-posterior das cargas nas arcadas dentárias, entre outros. “Depois disso, buscou-se verificar se havia diferenças objetivas, fornecidas pelos índices da eletromiografia entre os pacientes com DTM leve e severa e entre estes e sujeitos controle”, esclarece.

Os resultados mostraram que o exame eletromiográfico foi compatível com os escores que os pacientes atribuíram no protocolo para determinação dos sinais e sintomas de DTM. “Podemos afirmar que esse trabalho demonstrou uma relação entre os dados objetivos, coletados por meio da eletromiografia, e a percepção do próprio paciente quanto aos seus sintomas, coletados com o ProDTMMulti.”

Segundo a pesquisadora, as diferenças observadas por meio da eletromiografia apontaram que o grupo com DTM leve apresentou valores abaixo da normalidade, mas não chegou a ser estatisticamente diferente em relação ao grupo controle. O grupo com DTM severa teve os valores significantemente diferentes do grupo controle e do grupo com DTM leve.

“Todo esse processo, com valores piores para os pacientes classificados como portadores de uma DTM severa, influenciam na definição das metas e condutas de tratamento, que devem ser também direcionadas à busca do restabelecimento das condições de simetria e coordenação neuromuscular, bem como da funcionalidade do sistema estomatognático e não somente à remissão dos sintomas”, conclui.

Mais informações: (16) 3627-7654, com a pesquisadora Cláudia Ferreira

Junção de exames ajuda tratar desordem temporomandibular - Agência USP de Notícias

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O uso de provas de atividade inflamatória em reumatologia

A inflamação, localizada ou sistêmica, é uma das características de doenças reumatológicas. A resposta a uma lesão tecidual desencadeia uma série de modificações que promovem eliminação de patógenos, limitação do dano tecidual e restauração da estrutura lesada. Essas modificações dependem do aumento ou da diminuição da concentração sérica de proteínas, conhecidas como biomarcadores inflamatórios, que atuam na resposta inflamatória. A análise laboratorial desses marcadores permite, juntamente com os dados clínicos e outros exames complementares, acessar a atividade de algumas doenças e monitorar a resposta à terapêutica, assim como pode sugerir presença de infecção. Atualmente, o reumatologista tem à sua disposição algumas opções de exames que avaliam a resposta inflamatória, como a proteína C-reativa, a velocidade de hemossedimentação e a eletroforese de proteínas, entre outros. Este artigo revisa as características de alguns desses biomarcadores e o emprego das provas de atividade inflamatória em doenças reumatológicas.

Palavras-chave: proteínas de fase aguda, proteína C-reativa, velocidade de hemossedimentação, doenças reumatológicas, resposta inflamatória.

O uso de provas de atividade inflamatória em reumatologia - Revista Brasileira de Reumatologia; vol.49 no.4 São Paulo jul./ago. 2009

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

1º Simpósio de Cefaléia e Disfunção Temporomandibular

13 e 14 de novembro - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

Participem do 1° Simpósio de Cefaleia e DTM a ser realizado na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP nos dias 13 e 14 de novembro. Mais informações www.cefaleiadtm.com ou cefaleiadtm@gmail.com

Horário: 13 novembro 2009 a 14 novembro 2009
Local: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
Organizado por: 1° Simpósio de Cefaleia e DTM

Descrição do evento:
Inscrições e informações - enviar email para cefaleiadtm@gmail.com

Local do evento: Centro de Eventos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Ao lado dos anfiteatros da Medicina

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Projeto de Lei N° 422 de 2007

Inclui o dentista:


PROJETO DE LEI N° 422 DE 2007.

“ Altera o art. 162, Seção III, e o art. 168, Seção V, do
Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho,
relativo à segurança e medicina do trabalho e dá outras providências.”
O Congresso Nacional decreta:
Art. 1º – O art. 162, da seção III e o art. 168, da seção V,
do Capítulo V do Título II da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada
pelo Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, passam a vigorar com a
seguinte redação:
SEÇÃO III
Dos Órgãos de Segurança, de Medicina e de Odontologia
do Trabalho nas Empresas
Art. 162 – As empresas, de acordo com normas a serem expedidas pelo
Ministério do Trabalho, estarão obrigadas a manter serviços especializados
em segurança, em medicina e em odontologia do trabalho.
.............................................................................................................................
.......
d) as demais característica e atribuições dos serviços especializados em
segurança, em medicina e em odontologia do trabalho, nas
empresas....................................................................................................
..
SEÇÃO V
539E5B4B13 *539E5 B4B13*
Das Medidas Preventivas de Medicina e de Odontologia do
Trabalho
Art. 168- Serão obrigatórios exames médico e odontológico, por conta do
empregador, nas condições estabelecidas neste artigo e nas instruções
complementares a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho:
.............................................................................................................................
.....
§ 6º- “A periodicidade e as atividades de prevenção ,promoção,
monitoramento e a manutenção dos serviços em saúde ocupacional na área odontológica serão normatizadas pelo Ministério do Trabalho”
Art.2º- As empresas terão o prazo de trezentos e sessenta dias contados da data de publicação, para tomarem as providências
necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei.
Art. 3º- Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

JUSTIFICATIVA
A CLT, aprovada pelo decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, teve seu Capítulo V do Título II, que trata da Segurança e da Medicina do Trabalho, alterado pela Lei nº 6.514, de 22 de dezembro de
1977, e pela Lei nº 7.855, de 24 de outubro de 1989. Nos dispositivos
constantes desse Capítulo estão estabelecidos uma série de requisitos mínimos
a serem cumpridos pelo empregador no sentido preservar a saúde dos
trabalhadores.
Entretanto, verifica-se uma lacuna no ordenamento jurídico vigente no que tange à saúde bucal do trabalhador, pois, atualmente, não há instrumento legal que ampare e obrigue a inclusão de ações de odontologia nas empresas.
Entendemos que a atenção à saúde bucal é parte integrante das ações de saúde em geral, não devendo ser negligenciada, dada a
importância dos transtornos bucais na gênese de acidentes de trabalho e do absenteísmo nas empresas.
Não se pode falar em atenção integral à saúde do trabalhador sem inserir as ações de saúde bucal, as quais devem ser conduzidas dentro dos Programas de Saúde Ocupacional por odontólogos devidamente capacitados para lidar com a especificidade da relação saúde bucal e trabalho.
Nossa proposta parte desse entendimento e busca contribuir para sanar a lacuna existente, promovendo a ampliação do rol de
ações voltadas para a prevenção e assistência aos agravos ocupacionais, mediante a incorporação de ações de odontologia do trabalho. Só assim, as empresas estarão cumprindo o seu dever social de promover a atenção integral à saúde dos seus trabalhadores.
Pela importância da medida ora proposta, solicitamos o apoio dos nobres Pares para a sua aprovação.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Polêmicas sobre os coxibs

Então, a novela parece não ter um fim. Agora o Arcoxia e o Celebra são vendidos com receituário de controle especial.
Não seria melhor tirarem logo do mercado ambos os coxibs?



Celebra - Medicamento (remédio) passa a ser vendido com Receita de Controle Especial (Lista C1)

Comunicado Pfizer

Medicamentos: receitas e normas

Entender e obedecer as regras existentes para a compra de cada medicamento é o primeiro passo para qualquer tratamento

Durante uma consulta, o paciente revela seus sintomas, é examinado pelo médico que, por fim, chega a um diagnóstico e, em muitos casos, pode haver a necessidade de intervenções farmacológicas. Na hora da prescrição, além das orientações sobre a administração do tratamento, o médico também deve esclarecer as dúvidas do paciente sobre as regras relacionadas à compra do medicamento, principalmente quando envolve a notificação de receita.

Essa notificação de receita é um documento padronizado que autoriza a venda de substâncias sujeitas a controle especial. O objetivo é restringir a utilização de determinados medicamentos, direcionando certos tratamentos somente a quem, de fato, necessita. Vale ficar atento aos diferentes tipos de prescrições e notificação de receitas existentes:

• notificação de Receita “A”, em cor amarela, é aplicada a substâncias entorpecentes (listas A1 e A2) e psicotrópicos (A3);
• notificação de Receita “B”, em cor azul, exigida na venda de substâncias psicotrópicas (lista B1, modelo B), como por exemplo, os benzodiazepínicos e anorexígenas (lista B2, modelo B2);
• receituário de Controle Especial ou receita comum, ambas em duas vias é destinada a outras substâncias de controle especial (lista C1), como antidepressivos, antiparkinsonianos, anticonvulsivantes e antiepilépticos, antipsicóticos, entre outros e também a anabolizantes (lista C5). O paciente precisa entregar uma versão da receita ao farmacêutico. Assim, a 1ª via permanece na farmácia e a 2ª via, com o paciente;
• notificação de Receita Especial Retinoídes, em cor branca, utilizada para retinóides de uso sistêmico (lista C2) e imunossupressores (lista C3);
• receituário do Programa da DST/AIDS ou Receita de Controle Especial em duas vias é destinada às substâncias antirretrovirais (lista C4);
• receita em uma via, sem retenção, destinada aos produtos precursores de entorpecentes e/ou psicotrópicos (lista D1). Além desses, todos os medicamentos que apresentarem na embalagem uma tarja vermelha com os dizeres venda sob prescrição médica.

Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) incorporou à lista de medicamentos que necessitam de Receita de Controle Especial (Lista C1) os anti-inflamatórios da classe dos inibidores específicos da COX-2. Um deles é o Celebra (celecoxibe), indicado para dor aguda e artrite entre outras, produzido pela Pfizer e o único de sua classe aprovado no mercado americano. Ao prescrever o tratamento com Celebra (celecoxibe) ou outro anti-inflamatório COX-2, o médico deve fornecer ao paciente a Receita de Controle Especial ou receita comum, ambas em duas vias, devem conter as seguintes informações:

• identificação do médico que prescreveu o medicamento: dados já contidos na receita médica, como nome do profissional, número da inscrição no CRM, endereço completo e telefone ou nome da instituição com CNPJ;
• identificação do paciente: nome e endereço completos;
• prescrição: nome do medicamento, dosagem ou concentração, forma farmacêutica, quantidade, posologia e tempo de tratamento;
• data da emissão;
• assinatura e carimbo do médico.
• identificação do comprador: campo a ser preenchido na farmácia com as informações da pessoa (nome, número do documento de identificação, endereço e telefone) que irá comprar o medicamento para o paciente;
• identificação do fornecedor: campo que deverá ser preenchido na farmácia pelo funcionário que efetuar a venda do medicamento com o nome e endereço da farmácia, nome do responsável pela dispensação e data do atendimento.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Ambulatório de DTM e DOF da UNIFESP/HSP

Marcação de Consultas:

Maria Ester de Almeida
E-mail: esteratm.morf@epm.br
Telefone: (11) 5573-6547
Agendamento: Os pacientes deverão vir pessoalmente, às terças e quintas-feiras, das 8 às 12 horas, e trazer documento de identificação.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Dúvida: fisiatria?

Respondendo a uma dúvida que me chegou pelo Yahoo:

"O paciente com dor crônica na ATM deve procurar a ajuda de um especialista em fisiatria?"

Não.

Segundo Houaiss, fisiatria é especialidade médica que promove a saúde por meio da prevenção de incapacidade física, da avaliação e reabilitação de indivíduos incapacitados por dor, doença ou lesão e do tratamento por medidas fisioterápicas, em lugar de clínicas cirúrgicas ou radiológicas

Não confundir os termos fisioterapia e fisiatria.
O médico fisiatra, por exemplo, faz um tratamento para a reabilitação de um paciente politraumatizado após ter saído de uma longa internação. Conta com o trabalho de fisioterapêutas. É um caso complexo, tratado por uma equipe multidisciplinar.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sintomas depressivos e síndrome de apnéia obstrutiva do sono

São Paulo, 20 de Maio de 2009

Contexto: A relação entre apnéia obstrutiva do sono (AOS) e sintomas depressivos é ambígua na literatura.

Objetivo: Investigar se há relação entre sintomas depressivos e intensidade da AOS.

Método: Estudo transversal e retrospectivo com 123 pacientes adultos, consecutivamente atendidos em laboratório de sono, para avaliar AOS, sem transtornos mentais nem uso de psicotrópicos. Para análise estatística (uni e multivariada), utilizamos as seguintes variáveis: sexo e idade, além de escores de diversas escalas: Escala de Depressão de Beck (EDB), Escala de Sonolência diurna de Epworth (EPW), Índice de Massa Corporal e o Índice de Apnéia /Hipopnéia (IAH).

Resultados: A análise univariada demonstrou fraca, mas estatisticamente significativa relação negativa entre EDB e IAH. Porém, na análise multivariada por regressão logística, esta relação inversa perdeu sua significância.

Conclusão: Não há relação causal, em nossa população estudada, entre sintomas depressivos e intensidade de AOS.

Keywords: apnéia obstrutiva do sono; sintomas depressivos; escala de depressão de Beck; índice de apnéia/hipopnéia.

Sintomas depressivos e síndrome de apnéia obstrutiva do sono - Arquivos de Neuro-Psiquiatria; [online]. 2009, vol.67, n.1, pp. 35-39

terça-feira, 19 de maio de 2009

Interferência do tipo de má oclusão nas medidas dos movimentos mandibulares: um estudo realizado com o apoio do exército brasileiro

Andrea Luiza Taumaturgo MetzgerI; Alcione Ramos CampiottoII; Paulo Cavalcante MuzyIII

RESUMO

OBJETIVO: correlacionar os diferentes tipos de má oclusões dentais com as medidas de lateralidade e protrusão mandibular e amplitude de abertura bucal de indivíduos adultos normais.

MÉTODOS: neste estudo participaram 127 militares do sexo masculino que serviam no 21º Depósito de Suprimento do Exército Brasileiro em São Paulo, no ano de 2005, com idades entre 18 e 32 anos. Do total de militares, 47 (39,16%) foram excluídos. Desse modo, a amostra final foi de 80 indivíduos os quais foram divididos em grupo controle (31 - 38,75%) e grupo experimental (49 - 61,25%). Na avaliação, foi realizada uma breve anamnese e inspeção oral, com posterior medição dos movimentos mandibulares de abertura bucal, protrusão e lateralidade para direita e para esquerda.

RESULTADOS: 69,38% de indivíduos portadores da má oclusão Classe I de Angle; 16,32% de Classe II-1; 6,12% de Classe II-2; 8,16% de Classe III. A medida de abertura de boca, relacionada com os tipos de má oclusão, não foi estatisticamente significante, apesar de terem sido obtidas as maiores medidas nos indivíduos portadores de Classe III. Já nas medidas de protrusão e lateralidade mandibular existiu uma diferença estatisticamente significante nos grupos de uma maneira em geral. 40,42% dos indivíduos apresentavam ausência de algum dente molar.

CONCLUSÃO: não houve relação entre a medida de abertura de boca com a presença de má oclusões. Entretanto, houve relação entre as medidas de protrusão e de lateralidade mandibular para a direita e para a esquerda com má oclusões.

DESCRITORES: Má Oclusão de Angle Classe I; Má Oclusão de Angle Classe II; Má Oclusão de Angle Classe III; Medidas






INTRODUÇÃO

O sistema estomatognático é composto por ossos, dentes, articulação temporomandibular, músculos, sistema vascular, sistema nervoso e espaços vazios. Qualquer alteração, principalmente sobre os dentes, tenderá a levar a um desequilíbrio de todo o sistema 1.

A relação entre os dentes é chamada de oclusão 2. Em 1899, Angle 3 definiu que em uma oclusão normal, cada arco dentário descreve uma curva na qual os dentes da arcada superior devem estar posicionados em harmonia com seus adjacentes e também com os da arcada inferior. Portanto, a má oclusão pode ser definida como o arranjo ou a disposição dos dentes no arco dentário e a relação destes com as bases ósseas e as estruturas relacionadas de forma diferente daquela aceita como fórmula humana 4, tendo sido classificada em classe I, II (divisão 1 e 2) e III por Angle 3.

Para essa classificação, o primeiro molar permanente é o elemento dental mais importante, pois Angle o classificou como o "dente chave de oclusão" 5. Esse é um dos motivos pelo qual este deva merecer toda atenção e cuidados, mas não só por sua importância funcional e necessidade de preservação, como também, por sua alta suscetibilidade à lesão de cárie e suas graves conseqüências, como a extração 6.

As más oclusões podem levar a mudanças na posição das articulações temporomandibulares 7. O mesmo autor constatou, por meio de um levantamento bibliográfico, que a posição anatômica da cabeça da mandíbula na fossa mandibular mais encontrada, em pesquisas realizadas, quando relacionadas às más oclusões são: Classe I (incluindo a oclusão considerada normal), centralizada; Classe II divisão 1, anteriorizada; Classe II divisão 2, posteriorizada; Classe III, anteriorizada.

Estas observações sugerem que pacientes portadores de más oclusões possam apresentar alterações na biodinâmica mandibular que poderá influenciar a realização dos movimentos de lateralidade e protrusão, assim como a própria amplitude de abertura bucal.

Para este estudo, serão comparadas as medidas mandibulares com os tipos de má oclusão, já que tais manifestações podem interferir na posição anatômica da cabeça da mandíbula na fossa mandibular 7.

Portanto, o objetivo deste estudo é relacionar os diferentes tipos de má oclusões dentais (classificação de Angle 3) com medidas de lateralidade e protrusão mandibular e amplitude de abertura bucal em indivíduos adultos sem queixas miofuncionais orofaciais.



MÉTODOS

A amostra foi composta por 127 militares do sexo masculino de diferentes raças (brancos, negros e mulatos) que serviam no 21º Depósito de Suprimento do Exército Brasileiro em São Paulo, no ano de 2005, com idades entre 18 e 32 anos. Do total, 47 foram excluídos devido à diferença da oclusão dentária quando comparado um lado com o outro; presença de alterações na mordida (aberta, topo a topo, cruzada) em nível dos dentes molares ou ausência destes.

Desse modo, a amostra foi de 80 indivíduos os quais foram divididos em grupo controle (31 - 38,75%) e grupo experimental (49 - 61,25%). Para fazer parte do primeiro grupo, era necessário que os participantes nunca tivessem realizado tratamento ortodôntico, mas que apresentassem uma oclusão chave-molar normal. Já o grupo experimental foi composto por soldados que também nunca haviam realizado tratamento ortodôntico, mas que apresentavam algum tipo de má oclusão pela classificação de Angle 3.

Tais soldados foram selecionados aleatoriamente, apenas com a condição de não terem realizado tratamento ortodôntico prévio. Todos os dados foram coletados por uma única examinadora, graduada em fonoaudiologia, apta a exercer a profissão pelo Conselho Regional de Fonoaudiologia/2ª; região.

Inicialmente, foi solicitado para que os participantes lessem o termo de consentimento de participação na pesquisa com posterior assinatura no espaço reservado.

Após essa etapa, foi realizada uma breve anamnese que continha dados de identificação dos sujeitos; preferência de lateralidade mastigatória (se a resposta fosse positiva, era perguntado o lado e o motivo) e preferência por uma determinada consistência de alimento (líquido, pastoso ou sólido).

Para a realização da inspeção oral foi pedido para que os participantes se posicionassem sentados em uma cadeira comum, com os pés apoiados no chão, coluna ereta e cabeça em posição ortostática.

Foram observados pela fonoaudióloga: tipo de oclusão (chave-molar pela classificação de Angle); estado de conservação dos dentes (BEC-bom estado de conservação ou MEC-mau estado de conservação); ausências dentárias; tipo de mordida (aberta; topo a topo; cruzada; presença de sobressaliência, mordida profunda, diastemas, apinhamento; desvio de linha média); sinais e/ou sintomas de disfunção temporomandibular na abertura e fechamento bucal.

Também foi realizada palpação dos músculos masseteres e temporais para verificação de dor e simetria de contração muscular. Esta foi realizada da seguinte maneira: com a avaliadora posicionada em frente ao participante com as mãos sobre os masseteres direito e esquerdo para percepção de simetria da contração muscular; após esta etapa, foi perguntado ao participante se durante a palpação houve algum sintoma de dor. Posteriormente, o mesmo procedimento foi realizado nos músculos temporais.

Para a medição dos movimentos mandibulares (abertura de boca, protrusão e lateralidade para direita e esquerda), foi utilizado um paquímetro digital da marca Digimess do fabricante Pró-Fono. A medida de abertura bucal foi realizada com o paquímetro posicionado entre os incisivos superiores e inferiores (distância interincisivos), pedindo para que o participante abrisse a boca ao máximo (abertura forçada). Já a medida de protrusão mandibular foi obtida através da solicitação da avaliadora para que o participante protruísse a mandíbula para frente ao máximo. Por fim, foi obtida a medida de lateralidade mandibular para a direita e para a esquerda. Essa medição foi feita com o paquímetro posicionado através das linhas médias dos incisivos superiores e inferiores.

Todos os participantes deste estudo (grupo controle e experimental) foram avaliados com o auxílio de um protocolo elaborado pela avaliadora responsável especificamente para este estudo.

A pesquisa recebeu parecer favorável do CEP - Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Central da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, sob o número 031/05.

Para a análise estatística deste estudo foram usados os testes Kruskal-Wallis e Mann-Whitney e um nível de significância de 0,10.



RESULTADOS

Do total de 127 indivíduos avaliados neste estudo, 47 (39,16%) foram excluídos da amostra. Destes 47, 19 (40,42%) indivíduos tinham extraído algum molar superior, inferior ou ambos. O restante (28 - 59,57%) foi excluído por alteração da mordida nos dentes molares ou diferença da oclusão chavemolar quando comparado um lado com o outro.

Portanto, foram analisados, neste estudo, 80 militares que foram divididos em grupo controle (31 - 38,75%) e grupo experimental (49 - 61,25%),

Dentro do grupo experimental, os indivíduos foram separados em: Classe I (34 -69,38%), Classe II-1 (8-16,32%), Classe II-2 (3-6,12%) e Classe III (4-8,16%). Portanto, o tipo de má oclusão mais encontrada neste estudo foi a Classe I (69,38%). Tais dados são observados na Figura 1.





A partir da análise estatística, foi definido para este trabalho um nível de significância de 0,10 (10%).

Ressalta-se que foram utilizados testes e técnicas estatísticas não paramétricas, porque as condições para a utilização de técnicas e testes paramétricos, como a normalidade e homocedasticidade não foram encontradas (principalmente a normalidade) neste conjunto de dados obtidos.

Ao analisar a medida de abertura de boca (AB) com o auxílio do teste de Kruskal-Wallis para comparar os resultados entre os grupos Classe I, Classe II-1, Classe II-2, Classe III e Normal (Tabela 1), observa-se que a média de abertura de boca nos diferentes tipos de má oclusão foi: Classe I (50,52 mm); Classe II-1 (51,88 mm); Classe II-2 (44,67 mm); Classe III (55 mm). Portanto, a maior média encontrada foi nos indivíduos portadores da má oclusão Classe III. Entretanto, tais resultados não são considerados estatisticamente significantes. Os indivíduos do grupo controle obtiveram uma média de 50,61 mm.

Ao analisar a medida de protrusão mandibular (Tabela 2), pode-se observar que a média de protrusão mandibular nos diferentes tipos de má oclusão foi: Classe I (5,71 mm); Classe II-1 (5,25 mm); Classe II-2 (5,33 mm); Classe III (5,25 mm). Os indivíduos do grupo controle obtiveram uma média de 7mm.

Analisando tal tabela, conclui-se que existe diferença estatisticamente significante entre os grupos de uma maneira em geral. Porém, é preciso especificar onde a diferença ocorre de fato. Sendo assim, utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparar todos os grupos dois na dois e foi apresentado na Tabela 3 somente os p-valores destas comparações.

Nas medidas de lateralidade também existiu uma diferença estatisticamente significante entre os grupos de uma maneira em geral tanto para a direita (Tabela 4) quanto para a esquerda (Tabela 5). Sendo assim, utilizou-se o teste de Mann-Whitney (Tabela 6 e 7) para comparar todos os grupos dois a dois e descobrir onde a diferença ocorre de fato. O segundo quadro mostra somente os p-valores destas comparações.

As médias de lateralidade mandibular para a direita e para a esquerda, respectivamente, foram: Classe I (10 mm-9,21 mm); Classe II-1 (7,75 mm11,63 mm); Classe II-2 (10 mm-11,67 mm); Classe III (8,75 mm-8,25 mm). Os indivíduos com oclusão normal obtiveram uma média de 9,48 mm para a direita e 10,19 mm para esquerda.



DISCUSSÃO

Nesse trabalho foi observada uma prevalência de 40,42% de indivíduos com ausência de algum dos dentes molares. Em outro estudo 8, 36,7% dos indivíduos do sexo masculino havia extraído algum dente permanente, sendo que 91,8% eram dentes posteriores.

Nas cidades de Maceió e Recife 9, também houve uma maior porcentagem de perda dos dentes posteriores, 65,8% e 83,6% respectivamente. Estes resultados mostrados são maiores do que os obtidos neste estudo. A cárie foi apontada como o principal motivo das extrações dentárias.

Estudos internacionais também mostram a cárie como a principal causa de extração 10,11.

Já em outro trabalho 12, a porcentagem de dentes ausentes foi de 3,48%. Este dado não é semelhante à presente pesquisa, talvez pela diferença na faixa etária entre ambos, já que no primeiro foi realizado dos seis aos 18 anos e este dos 18 aos 32 anos.

A manutenção dos primeiros molares permanentes na arcada dental é de fundamental importância para o estabelecimento de uma oclusão estável, pois eles constituem, de forma específica, parte essencial do sistema estomatognático 6.

Dentro do grupo das más oclusões, o tipo mais encontrado, neste estudo, foi a Classe I (69,38%).

Em um outro realizado em 2002 13, foram encontrados: 48% de indivíduos portadores de má oclusão Classe I, 42% de Classe II e 3% de Classe III. Outro realizado também no ano de 2002 4 foi encontrado: 41% de portadores de Classe I, 26% de Classe II e 8% de Classe III. Em ambas as pesquisas, os resultados foram compatíveis com os apresentados, pois o tipo de má oclusão Classe I predominou na amostra.

Estudos internacionais mostram diferentes resultados com relação à prevalência dos tipos de má oclusão, como por exemplo, em alguns realizados em países da África mostram resultados compatíveis, ou seja, maior prevalência da má oclusão Classe I. Essa compatibilidade pode ser explicada pela semelhança do tipo racial quando comparado ao do brasileiro 14,15. Já em um norte-americano, foi mostrada uma maior prevalência do tipo de má oclusão Classe II 16 .

Com relação às medidas mandibulares, a abertura de boca nos indivíduos portadores de má oclusão Classe III foi a maior medida encontrada. Entretanto, não foi estatisticamente significante.

A média encontrada da medida de abertura de boca nos indivíduos com oclusão normal foi de 50,61mm. Em outra pesquisa 17 , foi encontrada uma média de abertura de boca em homens de 45,13mm. Este valor é menor do que o encontrado neste estudo. Esta diferença talvez tenha ocorrido pelo fato da nossa amostra ter sido composta, principalmente, por indivíduos negros e mulatos, ou seja, por indivíduos que apresentam uma maior abertura de boca quando comparados a outras raças.

Um trabalho realizado na França mostrou resultado muito semelhante à presente pesquisa. Mostrou uma média de abertura de boca em indivíduos adultos de 50,77mm 18. Já em outro realizado também na Europa 19, a média de abertura de boca foi de 50,6mm, ou seja, o mesmo resultado.

Na medida de protrusão mandibular, foi encontrado um resultado estatisticamente significante nos grupos de uma maneira em geral. A média desta medida, nos indivíduos portadores de oclusão normal, foi de 7mm. Tal resultado é compatível com o Índice de Disfunção Clínica de Helkimo e o Índice Craniomandibular 20 , os quais também mostram como normalidade protrusão mandibular de 7mm. Além disso, um trabalho internacional mostrou um valor de 8,2mm, ou seja, maior do que o obtido no presente estudo 19 .

Nas medidas de lateralidade para a direita e para a esquerda, também foram encontrados resultados estatisticamente significantes nos grupos de uma maneira em geral.

Nos indivíduos portadores de oclusão normal, as médias encontradas das medidas de lateralidade para a direita e para a esquerda foram de 9,48mm e 10,19mm, respectivamente. Estudo internacional mostrou semelhança nos resultados: 10,2mm para a direita e 10,6mm para a esquerda 19. Entretanto, não foram compatíveis com Índice de Disfunção Clínica de Helkimo e o Índice Craniomandibular 20 , já que estes demonstram como normalidade uma medida de 7mm tanto para a direita como para a esquerda. Portanto, sugere-se que os dados de literatura devam ser revistos para a nossa população.

É importante salientar que não foram encontrados trabalhos nacionais nem internacionais relacionando os tipos de má oclusão com as medidas mandibulares. Portanto, não foi possível comparar os dados obtidos neste estudo com de outros auto-res. Sugere-se a realização de mais trabalhos que abranjam este tema.



CONCLUSÃO

A partir da análise dos dados pode-se concluir que não houve relação entre a medida de abertura de boca e a presença de má oclusões. Entretanto, houve relação entre as medidas de protrusão e lateralidade mandibular para direita e esquerda com as más oclusões.



AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao 21º Depósito de Suprimentos do Exército Brasileiro e a todas pessoas que contribuíram para a realização deste trabalho: Carlos Euclides Olschowsky (Coronel Intendente), José Luiz Monteiro Giambartholomei (Tenente Coronel Intendente), Marcus Fernando Camillo Galia (Tenente Coronel Intendente), equipe da Seção de Saúde e a todos participantes da amostra.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

PROJETO DE LEI N° 2776, DE 2008

Do Sr. Neilton Mulim


Estabelece a obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia nas unidades de terapia intensiva e dá outras providências.



O Congresso Nacional decreta:

Art. 1° Esta lei estabelece a obrigatoriedade da presença de profissionais de odontologia na equipe multiprofissional das unidades de terapia intensiva.
Art. 2° Em todas unidades de terapia intensiva, bem como em clínicas ou hospitais públicos ou privados em que existam pacientes internados será obrigatória a presença de profissionais de odontologia para os cuidados da saúde bucal do paciente.
Parágrafo único. Nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) o profissional será um cirurgião-dentista, e nas demais unidades profissionais de odontologia com qualificação para atuar nessa área.
Art. 3º O descumprimento desta lei implicará nas penalidades legais aplicáveis pelos órgãos e entidades de controle social dessas atividades.
Art. 4º Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação.



JUSTIFICAÇÃO

Os pacientes internados em Unidades de Terapia intensiva (UTIs) devem receber - como o próprio nome sugere - cuidados especiais e constantes, não só para tratar o problema que o levou à internação, mas também para cuidar dos demais órgãos e sistemas que podem sofrer alguma deterioração prejudicial para sua recuperação e prognóstico. Nesses cuidados deve estar incluído o tratamento odontológico, com higiene bucal adequada, dada a inter-relação entre doenças bucais e sistêmicas. No entanto, é raro encontrar um cirurgião-dentista fazendo parte da equipe multiprofissional das UTIs.
Esse atendimento específico busca manter a higiene bucal e a saúde do sistema estomatognático do paciente durante sua internação, controlando o biofilme e prevenindo e tratando a cárie, a doença periodontal, as infecções perimplantares, as esomatites e outros problemas bucais.
Acrescenta-se, ainda, que o atendimento odontológico do paciente crítico também contribui na prevenção de infecções hospitalares, principalmente as respiratórias, entre elas a pneumonia nosocomial, ou hospitalar, uma das principais infecções em pacientes de UTI favorecidas por microrganismos que proliferam na orofaringe. Sua ocorrência é preocupante, pois é bastante comum entre esse grupo de pacientes, provocando um número significativo de óbitos, prolongando a internação do paciente e exigindo mais medicamentos e cuidados, conforme demonstrado no livro Cardiologia e Odontologia – Uma Visão Integrada (Editora Santos).

Considerando, também, que a grande maioria dos pacientes de UTI não tem como se queixar de seu estado e de seus incômodos, os profissionais responsáveis por cuidarem da manutenção de suas vidas e saúde devem estar presentes na equipe multiprofissional, que deve ser a mais completa possível. Com isso, requeremos a presença dos cirurgiões-dentistas, pois o fato de não haver cuidados bucais provoca desdobramentos que vão além da boca e além até da saúde integral do paciente. Dificuldades na melhora do quadro clínico do paciente e o prolongamento da sua estada na UTI geram uma diminuição no número de vagas disponíveis e aumentam os gastos hospitalares.
O atendimento odontológico desses pacientes, por outro lado, tem custo bastante baixo, é mais saudável e preventivo e ainda promove o conforto e bem estar deles, conforme assegura a cirurgiã-dentisa, Teresa Márcia Nascimento de Moraes - Mestre em clínica Odontológica Integrada pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo - que há cinco anos assiste os pacientes da UTI da Santa Casa de Misericórdia de Barretos/São Paulo, e tem vários artigos publicados comprovando a redução significativa desses custos, bem como das altas taxas de pneumonia encontradas nos pacientes críticos.
Para conhecimento de mais detalhes sobre o assunto, recomendo a análise do conteúdo de meu discurso sobre o tema, que estarei proferindo hoje, 14 de fevereiro de 2008, o qual estará registrado nos anais desta Casa.
Há mais de cento e cinqüenta anos, a higiene das mãos é a mais importante medida para o controle da infecção hospitalar. Mas, até o momento, outra fonte de infecção tão importante como a boca vem sendo esquecida. Deve-se, portanto, considerá-la um ambiente propício para o crescimento microbiano, principalmente nos pacientes que necessitam de ventilação mecânica, impedidos de fecharem a boca e em contato maior com o meio ambiente.
Pelo acima exposto, temos a certeza que os nobres Pares irão aperfeiçoar este projeto e, ao final, aprová-lo no sentido de darmos uma saúde de qualidade integral para a nossa sociedade e garantirmos ao nosso próximo o cuidado que gostaríamos que fosse dispensado a nós mesmos se estivéssemos em uma UTI.

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