terça-feira, 25 de setembro de 2012

Cárie pode colocar seu coração em risco

O problema é mais sério do que se imagina, ela pode ser responsável pela endocardite e até levar à morte. Entenda como isso pode acontecer e aprenda a limpar corretamente os dentes por Hilda Sabino | design Leo Rosário e Robson Quinafélix Inimiga do peito Veja como a cárie pode causar um tremendo problema no coração Bactérias mil Na boca de quem tem cárie ou gengivite, os germes existem aos montes. Conforme a cárie avança, áreas cada vez mais próximas da corrente sanguínea, como a raiz, são infectadas. Estranha no ninho Uma vez circulando pelo sangue, esses micróbios, outrora inofensivos, passam a ameaçar todo o corpo, em especial o coração de quem tem alguma doença preexistente. Endocardite Se o endocárdio, tecido que reveste as camadas internas do órgão, já está lesionado, o ambiente fica perfeito para a bactéria proliferar e provocar uma infecção ali. A vilã A Streptococcus mutans da cárie, culpada por 40% das endocardites, adora aderir ao tecido cardíaco e é capaz de levá-lo à falência. • Leia também • Cárie: como é formada • A era dos chicletes saudáveis • Implante dentário: conheça essa técnica Você já teve algum dente cariado? Se a resposta for sim, saiba que não está sozinho. Ela é considerada a doença - sim, doença - mais comum no planeta, atingindo 5 bilhões de pessoas. Para ter ideia, 88% dos brasileiros já sofreram com o problema ao menos uma vez, segundo o Ministério da Saúde. Para criar uma maior consciência sobre a gravidade desse buraquinho no esmalte dentário, chega ao país a Aliança para um Futuro Livre de Cárie, iniciativa internacional que reúne experts em odontologia ao redor do globo com a missão de alertar os profissionais de saúde e desafiar os responsáveis por políticas públicas sobre a necessidade de educar a população para prevenir o problema. "Nossa meta é ensinar às pessoas que o diagnóstico é simples e deve ser feito o mais rápido possível", conta o odontologista Marcelo Bönecker, professor da Universidade de São Paulo e presidente da Aliança no Brasil. Ousada, a empreitada almeja que crianças nascidas a partir de 2026 sejam livres de cárie. A origem do buraco Tudo tem início quando a saliva não realiza uma de suas funções primordiais, que é ajudar a manter o pH da boca estável e, com isso, o esmalte, uma espécie de escudo da dentição, intacto. Fatores como má alimentação e falta de higiene impedem que esse detergente natural equilibre o pH, abrindo alas para a acidez. Ela contribui para a explosão demográfica de bactérias que vivem ali sossegadas e são responsáveis por converter o açúcar dos alimentos em mais e mais ácidos. E esse círculo causa estragos. "Os micro-organismos destroem o esmalte e, se não controlados, podem consumir o dente todo", explica o odontologista Luiz Akaki, de São Paulo. Essas verdadeiras erosões são agravadas por determinados quadros de saúde. Asmáticos, por exemplo, estão mais sujeitos a sofrer com elas. "Quando respiramos pela boca, a secreção salivar diminui, baixando a proteção do dente contra bactérias", aponta Bönecker. "Com a secura, a tendência é tomar bebidas doces, o que piora de vez a situação", completa. Outra doença que a presença de muita cárie pode denunciar é o diabete. Nele, os níveis de glicose vão às alturas e são outro sabotador da produção de saliva. Às vezes, porém, é a cárie que causa novas confusões. Ora, os bichos cariogênicos financiam problemas no coração. Para afastar o risco de cárie e doenças periodontais, escovar os dentes corretamente é importante, mas a limpeza profissional também não deve ser desprezada. Recentemente, a American Heart Association publicou um estudo revelando um dado inusitado: pessoas que se submetiam com frequência a esse procedimento no consultório apresentavam uma probabilidade 24% menor de ataque cardíaco e 13% mais baixa de um acidente vascular cerebral. Nada mal... Essa relação surpreendente tem uma explicação simples. Uma gengiva inflamada, ou uma cárie que já atingiu a raiz do dente, libera no corpo uma porção de substâncias inflamatórias. "Esses agentes desestabilizam a placa de gordura que existe nas artérias, favorecendo seu rompimento", esclarece o dentista Ricardo Neves, diretor da Unidade de Odontologia do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. A inflamação pode dificultar o fluxo de sangue até que ele pare totalmente, ao gerar coágulos ou placas que tampam 100% da passagem. É esse acidente de trânsito que deflagra infartos e derrames. O elo entre saúde bucal e doenças cardiovasculares é tão relevante que desde 1977 existe no Incor uma divisão especialmente focada em tratar problemas na cavidade oral em pacientes cardíacos. A preocupação é justamente evitar o risco de endocardite, infecção grave com índice considerável de mortalidade (veja o infográfico na página ao lado). "A boca é responsável por 40% das ocorrências desse mal, e nossa função é evitar que todo o esforço no tratamento vá por água abaixo", expõe Neves. O cardiologista Max Grinberg, diretor da Unidade de Valvopatias do centro de referência paulistano, completa: "Sempre recomendamos que os pacientes com disfunções nas válvulas cardíacas façam visitas regulares ao odontologista". Mesmo quem tem o peito batendo no ritmo certo não deve fugir da cadeira do dentista. "Apenas esse profissional consegue retirar todo o tártaro, placa bacteriana que enrijece após 48 horas sem remoção, e realizar o polimento, que evita por um bom tempo a adesão de novas placas", explica Luiz Akaki. Capriche no uso do fio dental - só ele é capaz de limpar o espaço entre os dentes. Enxaguatórios bucais, de preferência sem álcool, também ajudam a limar a placa e alcançam lugares aonde a escova e o fio não chegam. Com a higiene em dia, é possível eliminar o perigo na boca - e no coração. Doença periodontal Assim como a cárie, essa infecção é causada pela placa bacteriana. Além de danificar a gengiva e os tecidos da maxila e mandíbula, causando sangramento e inchaço, ela provoca uma série de chabus. "Isso porque, de novo, as bactérias podem cair na corrente sanguínea e chegar a diferentes órgãos", alerta o odontologista Sigmar de Mello Rode, professor da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho, em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

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