sábado, 4 de outubro de 2014

FOUSP na mídia: Estudo descarta prescrição preventiva de antibióticos para diabéticos

Originalmente publicado em www.usp.br/aun
foto matéria karinQuando um paciente diabético procura atendimento odontológico, é natural que seja dada uma atenção especial ao seu caso e à sua recuperação. Entretanto, muitas vezes esses cuidados não possuem fundamento científico e são baseados em uma cultura de costumes entre os cirurgiões-dentistas. Um destes hábitos é o de prescrever antibióticos após procedimentos triviais, como a extração de um dente permanente ou seja, uma exodontia simples, por conta de uma doença na gengiva (periodental) ou cárie extensa.
Sabe-se que o uso de antibióticos deve ser realizado com bastante prudência, tendo-se em consideração a resistência bacteriana e a consequente seleção de superbactérias a partir disso. Outro fator fundamental tratando-se de hiperglicêmicos, é a própria influência da medicação nos níveis de glicemia e a interação com as drogas que o paciente ingere para controle de sua doença, como a insulina.
Karin Sá Fernandes, pesquisadora da FOUSP (Faculdade de Odontologia da USP), dedicou sua tese de doutorado a testes clínicos para verificar a necessidade da prescrição de antibióticos como profilaxia para pacientes com diabetes tipo 2, a mais comum. O objetivo era avaliar a cicatrização e o aparecimento de alguma complicação após fazer uma extração simples.
Para isso, comparou o processo de reparação pós-exodôntica entre dois grupos, um formado por 59 indivíduos com diabetes tipo 2 e outro com 29 pessoas que não apresentavam a doença. Problemas imunológicos e uso de drogas são alguns exemplos dos critérios de exclusão, utilizados para garantir uma análise que minimiza as chances de interferências.
Após a realização da extração dentária, todos os pacientes passaram por quatro avaliações clínicas. Karin explica o que se espera, normalmente: “Em até três dias, forma-se um coágulo. Em sete dias, um tecido de granulação. Em vinte e um dias tem que ter pele, estar epitalizado. Em sessenta dias o osso tem que estar reparado”.
Dos seus pacientes diabéticos, nove (17%) apresentaram um atraso na fase de epitelização, em comparação ao grupo “saudável”. No entanto, essa complicação não foi significante visto que ao atingir os sessenta dias, o processo de cicatrização havia sido concluído com sucesso, não alterando na reparação final do alvéolo (a cavidade que deixa de existir depois de uma exodontia).
O estudo comprova que a prescrição de antibióticos não é essencial para todos os pacientes que apresentam diabetes tipo 2 e que realizam uma extração simples. A maioria dos casos estava, inclusive, descompensado, ou seja, com níveis de glicemia acima do normal. O que pode não ser um problema ligado somente à doença, mas também à própria complicação oral (inflamações dentais, por exemplo, podem descompensar um diabético).
Os resultados são bastante úteis no sentido de diminuir a profilaxia com antibióticos, quando praticada apenas por hábito pelos cirurgiões-dentistas. A prescrição desse tipo de medicação deve ter bases sólidas e científicas, do contrário, pode não ser efetiva ou mesmo, prejudicar os pacientes.

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