segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Manual Merck

Dor e contractura muscular


Na maioria dos casos, a sobrecarga dos músculos provoca dor e contractura muscular à volta do maxilar, habitualmente como resultado de uma tensão psicológica, que leva a apertar ou a ranger os dentes (bricomania).
A maioria das pessoas pode introduzir em posição vertical, e sem esforço, as pontas dos seus dedos indicador, médio e anular no espaço entre os dentes dianteiros superiores e inferiores. Este espaço é geralmente menor quando existem problemas com os músculos à volta da articulação temporomaxilar.
Sintomas
Os indivíduos com dores musculares costumam ter poucas dores na articulação. Sentem antes dor e contractura em ambos os lados da cara quando despertam ou depois de períodos de grande tensão nervosa durante o dia. A dor e a contractura aparecem devido a espasmos musculares provocados pelo aperto repetido dos músculos ou dos dentes e para os fazer ranger. Apertar e ranger os dentes enquanto se dorme faz-se com muito mais força do que estando acordado. 
Tratamento
Se uma pessoa se apercebe de que aperta ou faz ranger os dentes, pode tomar certas medidas para o evitar. Geralmente, a utilização de um protector bucal constitui o tratamento principal. Trata-se de uma peça fina de plástico que está desenhada para encaixar sobre a dentadura tanto superior como inferior (protector nocturno); normalmente, molda-se para os dentes superiores e adapta-se para dar uma dentada uniforme. A pequena peça reduz o ranger dos dentes tanto de dia como de noite, permitindo o repouso e a recuperação dos músculos maxilares. Pode também evitar-se as lesões dos dentes que estão submetidos a uma pressão excepcional devido a este facto.
O estomatologista pode prescrever uma terapia com meios físicos, consistindo num tratamento com ultra-sons, aplicação de correntes e pulverizadores, exercícios de estiramento ou massagens de fricção. Pode também ser útil a estimulação eléctrica transcutânea dos nervos. Muitas vezes, obtêm-se óptimos resultados mediante o controlo do nervosismo do doente e o registo da contracção muscular através de estímulos eléctricos (electromiografia).
O estomatologista pode também prescrever medicamentos. Por exemplo, um relaxante muscular pode aliviar a contractura e a dor, especialmente enquanto o doente espera que lhe fabriquem a peça protectora.
No entanto, os medicamentos não pressupõem a cura e também não são recomendáveis para as pessoas idosas e só se prescrevem durante um período breve, cerca de um mês ou menos. Os analgésicos como os anti-inflamatórios não esteróides (aspirina, por exemplo) aliviam também a dor. Os estomatologistas evitam a prescrição de narcóticos porque podem criar hábito. As pastilhas para dormir podem prescrever-se ocasionalmente, se o doente tem dificuldades em conciliar o sono devido à dor.

Deslocamento interno


No deslocamento interno, o disco da articulação está colocado no lado oposto à sua posição normal.
No deslocamento interno sem redução, o disco nunca volta à sua posição normal e limita o movimento dos maxilares. No deslocamento interno com redução, que é o mais frequente, o disco está colocado no lado oposto à sua posição normal só quando a boca está fechada. Quando se abre a boca e o maxilar desliza para a frente, o disco volta à sua posição normal, produzindo um estalido quando o faz. Ao fechar a boca, o disco desliza novamente para a frente, fazendo muitas vezes outro som.
Sintomas e diagnóstico
Frequentemente, o único sintoma do deslocamento interno é um estalido ou um som de crepitação na articulação quando a boca se abre amplamente ou se mexem os maxilares lateralmente. Cerca de 20 % da população têm deslocamentos internos que não produzem sintomas, a não ser pelos sons da articulação que são notórios. O estomatologista diagnostica o deslocamento interno efectuando um exame enquanto o doente abre e fecha a boca lentamente.
Tratamento
O tratamento é necessário quando se sente dor nos maxilares ou dificuldades na mobilidade. Se este for solicitado logo que aparecem os sintomas, o estomatologista pode fazer com que o disco retroceda para a sua posição normal. Se a pessoa sofreu este incómodo há menos de 3 meses, o estomatologista pode colocar uma tala que empurre a posição do maxilar inferior para a frente. Essa peça manterá o disco em posição, permitindo que os ligamentos de sustentação fiquem tensos. Ao fim de 2 a 4 meses, o estomatologista adaptará a tala para permitir que o maxilar volte à sua posição normal, com a expectativa de que o disco permaneça no seu lugar.
O estomatologista recomendará ao doente com deslocamento interno que evite abrir a boca amplamente, por exemplo, ao bocejar ou morder uma sanduíche grossa. Os indivíduos com esta perturbação necessitam de abafar os seus bocejos, cortar os alimentos em pedaços pequenos e comer alimentos que sejam fáceis de mastigar.
Se o processo não se puder tratar com meios não cirúrgicos, um cirurgião maxilofacial pode fazer uma intervenção cirúrgica para arranjar o disco e fixá-lo no seu lugar. No entanto, a necessidade de cirurgia é relativamente rara.
Frequentemente, os indivíduos com deslocamento interno também têm dor e contractura muscular; no entanto, uma vez que seja tratada a dor muscular, os outros sintomas desaparecem também. Os estomatologistas obtêm melhores resultados no tratamento da dor e da contractura muscular do que no tratamento do deslocamento interno.



Fisioterapia para a dor e a tensão muscular do maxilar inferior
Os ultra-sons são um método para fornecer calor intenso às zonas dolorosas. Quando estas aquecem, os vasos sanguíneos dilatam-se e o sangue pode levar rapidamente o ácido láctico acumulado responsável pela dor muscular.
A administração de correntes (electromiografia) controla a actividade muscular com um manómetro. O doente tenta relaxar todo o corpo ou um músculo específico enquanto observa o manómetro. Deste modo, o doente aprende a controlar ou a relaxar determinados músculos.
Os exercícios de pulverarização e estiramento consistem em pulverizar um refrigerante sobre a pele da maça do rosto e da têmpora, de modo que os músculos do maxilar possam distender-se.
As massagens de fricção consistem em esfregar uma toalha áspera sobre a maça do rosto e a têmpora para aumentar a circulação e acelerar a eliminação do ácido láctico
A estimulação eléctrica transcutânea dos nervos consiste na utilização de um dispositivo que estimula as fibras nervosas que não transmitem a dor. Crê-se que os impulsos resultantes obstruem os impulsos dolorosos que o doente esteve a sentir.

Artrite


A artrite pode afectar as articulações temporomaxilares do mesmo modo que afecta as outras articulações. Nas pessoas de idade avançada é mais comum a artrose (doença articular degenerativa), um tipo de artrite em que a cartilagem das articulações degenera. A cartilagem das articulações temporomaxilares não é tão resistente como a das outras articulações. Devido ao facto de a artrose se apresentar principalmente quando o disco falta ou tem perfurações, a pessoa sente uma sensação áspera na articulação ao abrir ou fechar a boca. Quando a artrose é grave, a parte superior do maxilar aplana-se e não se pode abrir a boca com amplitude. O maxilar pode também deslocar-se para o lado afectado e, por vezes, é possível que o afectado seja incapaz de voltar a colocá-lo na posição correcta. A maioria dos sintomas melhora ao fim de alguns anos, inclusive sem qualquer tratamento, provavelmente porque a faixa de tecido por trás do disco cicatriza e funciona como o disco original.
A artrite reumatóide afecta a articulação temporomaxilar em cerca de 17 % dos indivíduos que têm este tipo de artrite. Quando a artrite reumatóide é grave, especialmente nos jovens, a parte superior do maxilar pode degenerar e encurtar-se. Esta lesão pode levar a um alinhamento repentino e defeituoso dos dentes superiores sobre os inferiores (má oclusão). Se a lesão for grave, a longo prazo o maxilar pode chegar a fundir-se com o crânio (ancilose), limitando enormemente a capacidade de abrir a boca.
Geralmente, a artrite reumatóide afecta ambas as articulações temporomaxilares quase por igual, o que não costuma acontecer noutros tipos de doenças da articulação temporomaxilar.
É também possível que uma ferida provoque a artrite numa articulação temporomaxilar, particularmente se a ferida causar hemorragia dentro da articulação. Estas feridas são bastante frequentes nas crianças que tenham recebido pancadas num lado do queixo.
Tratamento
Uma pessoa afectada de artrose numa articulação temporomaxilar necessita o máximo repouso do maxilar, o uso de uma tala ou de outro dispositivo para controlar a contractura muscular e também a administração de um analgésico para a dor.
A dor desaparece normalmente aos seis meses, com ou sem tratamento. Geralmente, o funcionamento do maxilar é suficiente para uma actividade normal, embora a sua abertura não seja tão ampla como antes.
A farmacoterapia para a artrite reumatóide da articulação temporomaxilar é a mesma que se utiliza para a artrite reumatóide de qualquer outra articulação. Podem administrar-se analgésicos, corticosteróides, metotrexato e compostos de ouro. É de particular importância manter a mobilidade da articulação e prevenir a ancilose (fusão da articulação). Habitualmente, a melhor forma de conseguir este objectivo é com exercícios, dirigidos por um fisioterapeuta. Para aliviar os sintomas, sobretudo a contractura muscular, recomenda-se o uso da tala à noite, que não limita o movimento dos maxilares. Se a ancilose paralisar o maxilar, o afectado pode necessitar de uma intervenção cirúrgica e, em alguns casos, uma articulação artificial para restabelecer a mobilidade maxilar.

Ancilose


A ancilose é a perda de movimento de uma articulação devido à fusão dos ossos que se inserem na mesma ou por calcificação dos ligamentos que a rodeiam.
Geralmente, a calcificação dos ligamentos da articulação não é dolorosa; no entanto, limita a abertura da boca a apenas 25 mm ou um pouco menos. A fusão dos ossos dentro da articulação causa dor e limita muitíssimo o movimento maxilar. As pessoas com calcificação podem melhorar, ocasionalmente, com exercícios de estiramento. No entanto, necessita-se habitualmente da cirurgia para restabelecer o movimento do maxilar em pessoas com calcificação ou fusão óssea.
Articulação temporomaxilar

Hipermobilidade


A hipermobilidade (hiperlaxidão do maxilar) verifica-se pela distensão dos ligamentos que unem a articulação.
Numa pessoa com hipermobilidade, o maxilar pode deslizar para a frente, desencaixando-se totalmente (luxação), o que provoca dor e dificuldade de fechar a boca. Isto pode suceder repetidamente. Quando acontece, alguém deve situar-se em frente da pessoa afectada e colocar os polegares sobre as gengivas, próximo dos molares inferiores, e exercer pressão sobre a superfície externa dos dentes, primeiro para baixo e depois para trás. O maxilar deve estalar voltando à sua posição. Recomenda-se manter os polegares longe das superfícies mastigatórias porque os maxilares se fecham com uma força considerável.
Pode prevenir-se a luxação evitando abrir a boca de par em par, de modo que os ligamentos não se tendam excessivamente. Por isso, recomenda-se afogar os bocejos e evitar as grandes sanduíches e outras comidas que requerem abrir muito a boca. Se as luxações são frequentes, a cirurgia pode ser necessária para restabelecer a posição ou encurtar os ligamentos e ajustar a articulação.

Anomalias do desenvolvimento


Não são comuns as anomalias do desenvolvimento relativamente à articulação temporomaxilar. Algumas vezes, a parte superior do maxilar não se forma ou é menor que o normal. Outras, a parte superior do maxilar cresce mais rapidamente ou durante um período superior ao normal. Tais anomalias podem causar deformação facial ou um alinhamento defeituoso dos dentes superiores sobre os inferiores. Estes problemas corrigem-se somente com cirurgia.

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