sábado, 22 de dezembro de 2012

Poucos norte-americanos pedem aos médicos para que lavem as mãos.



Resenha crítica do cirurgião dentista, estomatologista, discente de MBA em Gestão de Saúde e Controle de Infecção e assessor em Biossegurança Prof.  Livre Docente Jayro Guimarães Jr.



A empresa Kimberly-Clark, comerciante de produtos associados aos cuidados e prevenção da saúde, anunciou os resultados de uma pesquisa sobre atitudes dos pacientes em relação à higiene das mãos (HM) em um ambiente de saúde. De acordo com os resultados do estudo, 72% dos inquiridos nunca perguntaram aos profissionais de saúde se tinham lavado ou higienizado as mãos antes de começar um exame ou procedimento.
De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a HM é uma das maneiras mais importantes para evitar a propagação de infecções. 
Cerca de 1,7 milhões de pacientes contraem uma infecção hospitalar (IH) a cada ano nos EUA.  Isso significa que um em cada 20 indivíduos será infectado, enquanto procura ajuda para um problema médico em um hospital. 
As IHs ceifam mais vidas de norte-americanos do que o câncer de mama e a infecção HIV/AIDS combinadas, respondendo por cerca de 99.000 mortes/ano. Muitas destas infecções são evitáveis.
Conduzida pela ORC International, uma empresa de pesquisa de mercado, em nome da Kimberly-Clark, a pesquisa analisou on line as percepções e comportamentos sobre a HM de 1.020 norte-americanos, entrevistados de 31 de maio a três de junho de 2012.  
Os resultados foram ponderados para a idade, sexo, escolaridade, região geográfica e raça, sempre que necessário para alinhá-los com suas proporções reais na população dos EUA.
Os principais resultados incluem:

  • Poucos pacientes solicitam a HM. Apenas 5% dos entrevistados sempre pedem que médicos e outros profissionais hospitalares higienizem as mãos antes de começar um exame ou procedimento. 
  • Há falta de percepção dos riscos. Entre os norte-americanos que não pedem que profissionais da saúde executem a HM, 40% disseram que não perguntam porque presumem que os profissionais de saúde façam-na antes de tratar todo paciente. Além disso, 34% disseram que simplesmente não se lembram de fazer esse pedido e 21% disseram que sentem que não é sua responsabilidade perguntar. Apenas 30% não perguntam por que observaram que a HM foi realizada.   
  •  Os pacientes mais idosos hesitam mais ao perguntar. Quase 25% dos norte-americanos com 55 anos ou mais não se sentem à vontade para fazer a solicitação, em comparação com 12% dos que têm de 18 a 34 anos de idade. 
  • Os pacientes não são conscientizados. Apenas 8% dos entrevistados receberam folhetos ou literatura em hospitais descrevendo técnicas adequadas de HM e dicas de prevenção de infecções.  Para apenas 5% deles foram fornecidas informações específicas sobre HM e prevenção de IHs em celulares ou on line.

"Os pacientes e seus visitantes podem e devem tornar-se conscientes das medidas simples que podem ajudar a reduzir a exposição à IHs, tais como pedir aos profissionais que façam a HM", disse Victoria Naum, Diretora Executiva da Safe Care Campaign (Campanha de Cuidados Seguros). "Tendo experimentado pessoalmente os efeitos devastadores das IHs, eu sei do papel crítico que a educação do paciente pode desempenhar na prevenção de infecções e salvamento de vidas."
"A evolução da vigilância sobre IHs, juntamente com o reconhecimento de que muitas delas são evitáveis, fez que as unidades de saúde enfatizassem ainda mais a importância da implementação dos métodos de prevenção baseados em evidências, como a HM, para reduzir a incidência de infecções",, disse o médico William R. Jarvis,   Ex-Diretor do CDC, e Presidente da Jason e Jarvis Associates LLC, uma consultoria privada. "Educar pacientes e seus entes queridos lhes permite servir como defensores da segurança, tendo um papel ativo em seu tratamento, ajudando a garantir que a prevenção da IH é o dever de todos os médicos."
"Os hospitais e outros estabelecimentos de saúde são obrigados a proteger os pacientes de infecções, mas a redução e prevenção de IHs é realmente responsabilidade de todos", disse o Dr. Wava Truscott, diretor de Assuntos Científicos e Educação Clínica da Kimberly-Clark. "Os resultados desta pesquisa são convincentes e ressaltam a necessidade de uma maior sensibilização e educação dos pacientes para prevenir a disseminação das IHs”.

Comentários do resenhista

  1. HM e outras noções de prevenção básica de saúde deveriam ser, obrigatoriamente, ensinadas nas escolas de ensino fundamental. A HM deve ser uma prática constante e rotineira de todos e não somente dos profissionais de saúde. Ao chegar da rua e antes de cumprimentar sua família é aconselhável fazer a HM. 
  2. Quanto aos profissionais de saúde está se falando de um dever inalienável e tem de ser realizada com técnica adequada ainda que se usem luvas. Apesar da ênfase na HM dada desde 1845, pelo médico húngaro Ignaz Semmelweis, ainda são necessárias, no século 21, inúmeras e persistentes campanhas educativas para que os profissionais de saúde sensibilizem-se para a sua prática. A educação continuada em infecções relacionadas à assistência à saúde é uma necessidade importante, mas nem sempre é levada com a devida seriedade, haja vista que seu conhecimento básico não faz parte dos currículos obrigatórios dos cursos de graduação de algumas profissões relacionadas à assistência à saúde.  Pasmem! Peço a atenção dos Ministérios da Educação e da Saúde! 
  3. Por dever de justiça, isento os cursos de Enfermagem desta distorção. São as enfermeiras (infelizmente, não todas) as que mais cuidam da biossegurança de seus pacientes e da aplicação das normas das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar. 
  4. Escrevo com notória preocupação. Escrevi um livro sobre Biossegurança Odontológica e, depois de tornar-me Livre Docente, curso uma MBA em Gestão de Saúde e Controle de Infecção, isto é, acompanho de perto o assunto. 
  5.  É preciso que todos (pacientes e profissionais) se lembrem de que não é possível “zerar” as IHs. Um corriqueiro estetoscópio é capaz de transmitir infecções e devem ser desinfetados entre um paciente e outro. Não poderiam também ser carregados para todo lado como se fossem adereços profissionais. 
  6.  Além dos óbvios benefícios para a saúde geral, a prevenção das IHs custa muito menos do que o tratamento destas infecções. 
  7.  As pias devem estar à vista dos pacientes para que não haja dúvida alguma sobre a realização da HM. Se não feita, os pacientes deveriam se recusar a serem tocados.

Nenhum comentário:

Dor na ATM - Google Groups

Grupos do Google
Participe do grupo Dor na ATM
E-mail:
Visitar este grupo